Meteorologista alerta para uma possível escassez de chuva em outubro
A Socicana promoveu, no dia 18 de setembro, a palestra “Condições climáticas para a produção de cana-de-açúcar e grãos”. A palestra foi ministrada pelo meteorologista da empresa Somar, Celso Oliveira, que tem mestrado em Agrometeorologia. O encontro aconteceu no auditório, em Guariba, e contou com a presença de produtores, colaboradores, técnicos e membros da diretoria da Socicana e Coplana.
Celso foi direto ao ponto: se os produtores estavam esperando que depois de uma estiagem tão longa, a chuva viria em abundância, não será assim. “De agosto para setembro tivemos um padrão mais favorável. No decorrer da primavera, no entanto, precisamos ficar alertas, já que não há garantia de regularidade de chuvas”, informou.
Mesmo com pancadas de chuvas em setembro, para a lavoura a necessidade é outra. “Quando falamos de lavoura, não adianta nada ter chuva dentro da média e sem regularidade. Precisamos saber se ela vai ser bem distribuída. Voltou a chover em agosto. Setembro teve um bom índice de chuva. Entre outubro e novembro volta a ter uma estiagem, ou seja, tem chuva, mas com falhas no meio do mês. Entre a segunda quinzena de outubro e a primeira de novembro é preciso, portanto, ter cautela”, alertou Celso.
Segundo ele, a previsão é de que novembro seja mais seco e dezembro, chuvoso. “Nos próximos meses, vamos viver uma espécie de tobogã, uma gangorra. Isto ocorre porque os sistemas que trazem chuva ficam presos na Argentina, no Uruguai e no Rio Grande do Sul. Depois da segunda quinzena de novembro, tudo começa a entrar nos eixos”, comenta o meteorologista da Somar, lembrando que o tempo não tem apresentado um padrão linear. “Está tendo muita variabilidade. Teremos buracos de tempo seco e temperaturas mais altas. Este comportamento tem sido frequente nos últimos anos”, afirmou.
O palestrante comentou ainda que no primeiro semestre de 2018, houve águas mais frias que o normal no Pacífico equatorial, fenômeno chamado de La Niña, e que justamente é responsável por trazer estiagens mais prolongadas no interior de São Paulo. “Nos próximos meses, no entanto, esta seca prolongada não continuará. Primeiramente, porque o fenômeno La Niña já acabou. Estamos sob uma transição com o Pacífico levemente mais quente que o normal. Estamos na primavera, estação que é caracterizada pelo gradativo retorno da chuva ao Estado de São Paulo”, avaliou o meteorologista. “O impacto não é tão grande. A chuva fará com que o ritmo de colheita seja mais lento a partir de agora, mas entre benefícios e malefícios, a volta da chuva é muito bem-vinda”, acrescentou.
Sobre outro fenômeno climático, será necessário aguardar. “O Pacífico está em aquecimento, mas não suficiente para afirmarmos que aparecerá um El Niño ainda nesta primavera. A impressão que temos é que o fenômeno deverá aparecer entre o meio e o fim desta safra. A diferença estará primeiramente na temperatura. A última safra aconteceu sob temperaturas mais próximas da média histórica. Já entre 2018 e 2019, teremos calor acima do normal. Além disso, apesar da previsão de chuva abaixo da média em fevereiro de 2019, isto não implicará em uma estiagem tão longa quanto à registrada no primeiro semestre de 2018”, informou o meteorologista da Somar.
Como uma avaliação dos efeitos na produção, Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Socicana, lembra que para a lavoura de cana-de-açúcar é imprescindível que haja chuvas fortes e regulares. “Tivemos um inverno mais seco e no verão choveu pouco. Isto teve consequência direta na nossa produtividade. Embora o solo seco permita que a cana-de-açúcar concentre mais sacarose, a planta não cresce e, consequentemente, a produtividade fica comprometida”, concluiu.
Em caso de dúvida sobre as condições climáticas, entre em contato com o departamento Técnico da Socicana. Nossa equipe poderá ajudar.
Telefone – (16) 3251-9275