A segunda edição do Cana Summit, promovida pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), reuniu um público de 600 integrantes do setor sucroenergético nos dias 2 e 3 de abril, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília/DF.
Produtores rurais, representantes de entidades e organizações, parlamentares, membros de governos e especialistas do Brasil e exterior debateram os principais desafios e oportunidades do mercado da cana-de-açúcar.
A Socicana esteve presente em uma comitiva com 27 pessoas, que contou com produtores associados, equipe interna, os parceiros Coplana e Sicoob Pro, além do prefeito de Jaboticabal, Emerson Camargo, o secretário de Indústria, Comércio e Turismo do município, Lucas Ramos, e o vice-prefeito de Guariba, Daniel Louzada.
Entre os destaques estiveram o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, com a taxação mínima de 10% sobre produtos brasileiros, e o Projeto de Lei (PL) da Reciprocidade, aprovado no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados. O projeto busca dar uma resposta às políticas comerciais unilaterais de outros países. A segurança jurídica e a segurança rural também estiveram no centro das atenções.
Outros pontos analisados foram a revisão do modelo Consecana/SP, o impacto da estiagem de 2024 e os custos crescentes de produção. Durante as discussões, ao lado dos especialistas brasileiros, estiveram representantes da Colômbia, do México e da Austrália.
Para o superintendente da Socicana, que participou do painel sobre o Consecana, a realização figura como um marco para toda a cadeia produtiva. “O Cana Summit é um evento de extrema importância, feito por produtores para produtores. Aproxima a classe produtiva da classe política, mostrando aos poderes executivo e legislativo o papel do setor sucroenergético e a necessidade de dialógico com o poder público para a definição de políticas em prol do setor. A iniciativa promove a troca de experiência entre produtores e o estreitamento das relações de nossas organizações. Um dos papéis da Associação é a representatividade, e o Cana Summit demostra a força da representatividade”, afirmou.
O painel sobre “Perspectivas do mercado sucroenergético” contou com a presença das cooperativas Coplana, Copercana, Coopercitrus e Coplacana. Bruno Rangel Geraldo Martins, vice-presidente da Orplana, diretor-secretário da Socicana e presidente da Coplana, abordou principalmente as adversidades econômicas. “Estamos aqui representando quatro cooperativas do estado de São Paulo. Eu tenho um sonho: que um dia essas quatro cooperativas se tornem uma só, com força e robustez, e quem sairá ganhando com toda a certeza será o cooperado. A questão dos juros no Brasil, que estão muito altos, faz com que a atividade agrícola fique com margens muito apertadas e, muitas vezes, até inviabilizadas. Outro aspecto é a necessidade de avanços em relação à segurança jurídica, para que o produtor e o investidor possam trabalhar de forma mais tranquila. Eventos como este são fundamentais porque trazem os produtores para Brasília, permitindo que os políticos ouçam nossas ideias, pleitos e anseios. Por outro lado, também temos a oportunidade de conhecer o trabalho que eles vêm desenvolvendo aqui”, destacou Bruno.
O conselheiro fiscal da Socicana e vice-presidente da Coplana, Sérgio de Souza Nakagi, ressaltou o diálogo entre o mercado, o executivo e o legislativo. “O Cana Summit demonstrou o quanto é fundamental apresentar ao meio político o valor econômico e social da canavicultura, que figura entre as cinco maiores commodities brasileiras. A presença das associações junto aos produtores reforça a urgência da revisão do modelo Consecana para garantir sustentabilidade à atividade. O aumento dos custos e os impactos climáticos, como a estiagem que prejudicou o desenvolvimento dos canaviais, vêm estreitando as margens e dificultando a permanência dos produtores”. Sérgio também reforçou o papel da Socicana, atuando de forma estratégica nas discussões que envolvem a sustentabilidade da produção canavieira.
Maurício Palazzo Barbosa, diretor-tesoureiro da Socicana, enfatizou a oportunidade de estreitar laços e abordar informações estratégicas. “Considero significativo o evento na disseminação de informações aos nossos produtores. É uma oportunidade valiosa de, enquanto representantes da nossa Associação, estarmos presentes, absorvendo conhecimentos sobre novas tecnologias, novas técnicas e temas ligados às negociações com o setor. Acredito que um dos pontos altos seja, sem dúvida, a proximidade com a classe política, podermos apresentar nossas demandas, necessidades e expressar os impactos positivos do setor produtivo. É fundamental que a classe política escute o que temos a dizer.”
A Carta de Brasília 2025 destaca cinco diretrizes fundamentais para fortalecer o setor canavieiro e garantir seu desenvolvimento sustentável:
Aproximação com o meio político – Intensificar o diálogo com parlamentares, especialmente em ano eleitoral, levando as demandas dos produtores diretamente ao Legislativo.
Valorização do etanol – Incentivar o consumo de etanol hidratado em todo o país, por meio de parcerias e ações estratégicas.
Segurança jurídica e fundiária – Assegurar o direito à propriedade e promover a regularização das áreas rurais, oferecendo respaldo legal aos produtores.
Participação em políticas públicas – Ampliar a inserção dos canavicultores em programas que estimulem a sustentabilidade, a rentabilidade e a integração com o setor público.
Defesa dos direitos negociais – Criar mecanismos que incentivem o empreendedorismo e protejam os interesses dos produtores nas negociações comerciais.