Ao iniciamos uma safra, olhamos para os nossos canaviais tentando “calcular” sua produção. A intenção é avaliar a produtividade e a quantidade de sacarose. A produtividade agrícola depende da idade do canavial, dos tratos culturais efetuados e do clima. Já o teor de sacarose, medido pelo ATR, depende da variedade, do período de maturação (precoce/média/tardia) e também do clima.
Ao longo dos anos, observamos que, em algumas safras, os teores de sacarose são maiores e, em outras, são menores. As variações climáticas interagem com a cana-de-açúcar, propiciando maior ou menor acúmulo de sacarose. Em anos com florescimento e/ou chochamento (isoporização) da cana, o teor de sacarose e o peso dos canaviais ficam reduzidos. Para o acúmulo de sacarose (maturação), o florescimento é prejudicial, pois gasta energia ao emitir a inflorescência (pendão). Consequentemente, reduz-se a quantidade de ATR.
A ausência, a presença e a intensidade do florescimento podem ser medidas por alguns fatores climáticos, que são indutores: 1) Temperatura do ar de 18ºC a 31ºC, no período de 25 de fevereiro a 20 de março; 2) Precipitação e armazenamento do solo no período acima citado.
O período analisado se deve ao fato do fotoperíodo (cumprimento do dia) estar se encaminhando do verão para o outono e estar na faixa de 12,5 a 12 horas de insolação. Com base, nestas premissas, são contabilizados, neste período de 25 dias, os dias em que o clima age como indutor do florescimento. Isso estabelece maior ou menor probabilidade do canavial florescer.
Neste ano de 2016, com base nas informações meteorológicas da estação de agrometeorologia de Jaboticabal, os dados climáticos foram extraídos e lançados numa equação desenvolvida para medir o grau de possibilidade de florescimento do canavial. O resultado obtido indica que existe 50% de probabilidade do canavial florescer nesta safra 2016/2017. Entretanto, o volume de chuva neste período não foi o ideal para induzir o florescimento.
Em resumo, pelos dados climáticos analisados, a safra em andamento não indica a certeza do florescimento dos canaviais, diferente da safra de 2015, em que o florescimento foi intenso. Por outro lado, algumas variedades são mais propensas ao florescimento, com destaque para: RB 85 5156, RB 85 5453, RB 96 6928, CTC 9, CTC 22. Nestes casos, em se tratando de variedades precoces, o manejo indicado é a realização da colheita no início da safra.
Dessa forma, o agricultor pode tomar medidas importantes:
- Colher inicialmente as variedades precoces e mais propensas ao florescimento;
- Ou ainda usar inibidores de florescimento ou maturadores para antecipar o período de colheita. Esta é uma decisão bastante técnica, que deve ser compartilhada com os técnicos da Coplana ou Socicana.
Com os procedimentos corretos, a expectativa é de uma boa safra!
César Luiz Gonzalez
Gerente Técnico da Socicana