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As chuvas começaram, mas é necessário cautela

A regularidade de precipitação só acontece em outubro

Para a instalação do canavial ou plantio de culturas de grãos, a orientação é uma só: cautela! Este foi o destaque da palestra on-line, realizada dia 17 de setembro, pelo especialista Celso de Oliveira, da Somar Meteorologia. A videoconferência está disponível, promovida pela Socicana, está no canal da Associação no YouTube e traz uma avaliação sobre o comportamento do tempo nos últimos anos, além da perspectiva para os próximos dias e meses. O objetivo da iniciativa é contribuir com o produtor para a tomada de decisão na lavoura, visto que as condições climáticas têm forte influência sobre os resultados no campo.

“Na próxima safra, o tempo estará sob influência do La Niña, fenômeno que terá intensidade entre fraca e moderada e será de curta duração”, comentou Celso. O La Niña, ocorrência oposta ao El niño, é caracterizado pelo resfriamento da superfície das águas do Oceano Pacífico e, segundo o departamento nacional de clima dos Estados Unidos, o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), sua atividade teve início em 11 de setembro.

Para o La Niña ser considerado ativo, as águas do Pacífico precisam ficar mais geladas que o normal por um tempo prolongado.  Celso explica que o Sul do País fica mais seco, e o Sudeste e o Nordeste terão chuvas mais regulares somente a partir da segunda quinzena de outubro. “É preciso ter cautela com as pancadas de chuvas no último decênio (período de dez dias) de setembro. São precipitações com distribuição espacial irregular. Chuva de três dígitos (com 100 mm ou mais), só em outubro. Caso o acumulado seja elevado, o produtor deve instalar suas culturas apenas nas áreas onde há certeza de germinação e estabelecimento inicial, pois o risco de replantio ainda será elevado”, apontou. Ele informa que a partir de meados de outubro, a chuva regulariza no estado de São Paulo, e a instalação poderá ser feita com mais segurança.

“Apesar de termo passado por dias absurdamente quentes, a partir da regularização da chuva, a primavera e o verão não serão tão quentes como 2019/2020. Outro ponto que merece atenção: em novembro, apesar da chuva mais fraca na primeira quinzena, o acumulado elevado no mês anterior manterá a umidade do solo em níveis adequados para o desenvolvimento [das culturas]”, disse.

Ele comenta ainda que o acumulado de chuvas previsto para janeiro assusta, mas a distribuição indica que os períodos chuvosos (invernadas) não serão extremamente longos. “Em fevereiro e março de 2021, a chuva será mais irregular, com risco de estiagens, com calor em fevereiro e temperatura mais baixa em março. Para o decorrer de 2021, há previsão de chuva no outono, mas o espaçamento entre as precipitações poderá ser longo, especialmente entre março e abril. Vamos monitorar”, encerrou Celso.

Detalhes sobre o La Niña

O último La Niña ocorreu entre novembro de 2017 e abril de 2018, com intensidade de fraca a moderada. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a previsão é de que o fenômeno, em 2020, iniciado em 11 de setembro, dure até novembro e seja de baixa a moderada intensidade.

As regiões Norte e Nordeste tendem a ficar mais chuvosas durante a ocorrência do La Niña, enquanto as chuvas ficam menos frequentes no Sul. As projeções indicam precipitação irregular e abaixo da média na maior parte do Centro-Sul do Brasil agora neste trimestre da Primavera, com risco de estiagem no Verão no Rio Grande do Sul, principalmente no Oeste e no Sul do Estado. Outra característica do fenômeno no Brasil é deixar as temperaturas mais amenas.

Impacto sobre a produção no mundo

O sistema climático La Niña pode impactar a produção global de alimentos, pois normalmente afeta uma ampla gama de commodities agrícolas. Traz chuvas de inverno-primavera acima da média na Austrália, especialmente nas regiões Leste, Central e Norte, bem como no Sudeste da Ásia, com potencial de inundações. Também pode secar o sul dos EUA durante o inverno, trazendo temperaturas mais amenas e tempestades ao norte. Na América do Sul, as áreas agrícolas da Argentina podem se tornar mais áridas, com possibilidade de secas também em partes do Brasil, como no Sul.

O gráfico mostra as prováveis temperaturas dos próximos meses (observe a linha que marca os 30 graus. A variação é a linha vermelha). Quanto às chuvas, os volume serão satisfatórios só a partir de novembro (225 mm), com muita chuva em janeiro (585 mm) e estiagem em fevereiro (95 mm). A linha azul mostra o volume de chuva.

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