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A jornada de recuperação agrícola

A região Centro-Sul inicia a safra 2023/2024 com um sentimento generalizado de recuperação operacional no campo, depois da hecatombe da safra 2021/2022 e cujos danos estão cada vez mais distantes.

É a primeira vez, desde 2016, que as chuvas no primeiro trimestre ficaram acima das médias históricas, levando a uma perspectiva positiva para a produtividade agrícola e, consequentemente, para a oferta de cana-de-açúcar na safra 2023/2024. No entanto, nem todos os ventos favoráveis à recuperação da produtividade agrícola são provenientes de clima (embora São Pedro tenha feito a sua parte, tendo o setor se beneficiado do regime de chuvas no último verão), mas também houve um avanço nos níveis de investimentos no campo, bem como no aumento da taxa de reforma em 2022 (redução da idade média do canavial). Nesta linha, com uma área de cana planta relativamente maior e com um melhor desenvolvimento das soqueiras, espera-se que a moagem da safra 2023/2024 supere a das duas últimas safras.

Se por um lado haverá uma recuperação da produtividade agrícola, espera-se uma redução no custo de produção da cana-de-açúcar entre 7% e 8%, fruto da maior diluição de custos fixos com a melhor produtividade e redução dos preços dos principais insumos, com destaque para fertilizantes.

Adicionalmente, observam-se bons ventos para os preços dos produtos, com destaque para o açúcar que inicia a safra com o maior patamar dos últimos cinco anos, fruto da redução na oferta oriunda da Índia, Tailândia e Europa, em detrimento do avanço da demanda. O cenário de El Niño se desenvolvendo a partir de meados de 2023 pode comprometer a safra indiana de açúcar, levando novamente a restrições de exportações de açúcar por este país, enxugando comércio global da commodity. Nesta linha, as usinas estão maximizando o mix de açúcar, pela quarta safra consecutiva, já que o adoçante ainda oferece vantagem de preço em relação ao etanol.

No caso do etanol, as alterações em relação ao ICMS para a gasolina C (uma alíquota de ICMS mais alta para a gasolina contribui marginalmente para melhores preços do etanol), bem como o potencial retorno integral dos tributos federais sobre o combustível fóssil também trazem ânimo de uma potencial recuperação de competividade do etanol hidratado.

Desta forma, a safra 2023/2024 inicia-se sobre um tripé de otimismo: I) recuperação da produtividade agrícola, II) redução do custo de produção e III) bons níveis de preços do açúcar e do etanol e, por conseguinte, do preço do Kg do ATR. Se este cenário se concretizar, teremos uma safra de boas margens econômicas, abrindo espaço para o incremento do investimento no campo e nos colocando novamente na trajetória de recuperação agrícola. Uma boa safra a todos!!!

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