Nos dias 6 e 7 de novembro, a cadeia produtiva reuniu-se no II Simpósio de Fitossanidade em Cana-de-Açúcar (Fitocana) para tratar de dois temas centrais: a Síndrome da murcha e o Sphenophorus. O evento contou com a presença de pesquisadores, técnicos do setor, estudantes e produtores. A realização foi do Centro de Pesquisa Cepenfito, em parceria com a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/Unesp Jaboticabal e a Fundação de Ensino, Pesquisa e Extensão (Funep).
“O Fitocana é uma das ações de extensão e transferência de tecnologia do Cepenfito. Nosso principal objetivo é fazer com que o setor nos ajude a dialogar sobre o que está acontecendo e também traga novas provocações, seja para os projetos em curso ou novos,” explicou David Ferreira Lopes Santos, coordenador executivo do centro e integrante do Conselho de Administração.
José Antonio Rossato Junior, membro do conselho do Cepenfito, diretor secretário da Coplana e conselheiro da Socicana, ressaltou a importância do diálogo com a cadeia produtiva. “Nossa missão é difundir tecnologias, levando ao setor respostas geradas através das pesquisas do Centro e retroalimentando-o com novas demandas e questionamentos da produção. Trabalhamos em conjunto com pesquisadores e parceiros para responder às necessidades do setor. Toda receita financeira deste evento será destinada às necessidades do setor. Toda receita financeira deste evento será destinada às novas pesquisas do Cepenfito, primando pela técnica, à luz da ciência e sem viés comercial,” ressaltou Rossato.
Sobre Sphenophorus, a pesquisadora Leila Dinardo Miranda, do Centro de Cana – Instituto Agronômico (IAC), discutiu o controle a partir do uso conjunto com a vinhaça. “A aplicação de vinhaça na soqueira é uma prática necessária nas usinas, e, para controlar o Sphenophorus, as unidades industriais tentam combinar o inseticida com a vinhaça, uma solução mais econômica do que a aplicação via cortador de soqueira, que é cara e complexa. Em anos de chuvas regulares, essa aplicação mantém eficiência semelhante ao corte de soqueira. Em anos secos, mesmo com grandes volumes de vinhaça (até 40-45 m³ por hectare), a eficácia do inseticida é menor. Minha recomendação é erradicar a soqueira infestada no período seco e deixar um vazio sanitário até fevereiro ou março, plantando culturas de cobertura, como soja ou amendoim, para reduzir a infestação antes do próximo plantio de cana”, explicou.
Outro tema em destaque foi a síndrome da murcha em cana-de-açúcar. A doença é caracterizada pela murcha dos colmos e coloração avermelhada ou marrom internamente nos colmos. Os sintomas podem ser causados pelos fungos Colletotrichum falcatum, causador da Podridão Vermelha, Phaeocytostroma sacchari (Pleocyta sacchari), causador da Podridão da Casca, e Fusarium spp., responsável pela Murcha de Fusarium. Os sintomas são mais intensos em colmos maduros e, além do murchamento, podem ocorrer mudanças na coloração do colmo externamente e formação de cavidades internas, como explica Mariana Cicarelli, Pesquisadora do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). “Nas áreas que visitamos com a síndrome da murcha, observamos um murchamento que começa do meio para a base da cana. Ao abrir os colmos, encontramos muitos deles com ocamento, e uma coloração avermelhada ou marrom. Nas visitas, percebemos que as áreas mais afetadas passaram por estresse anterior, seja ataque de broca, cigarrinha ou condições climáticas adversas, que foram intensas este ano. Um manejo adequado, com colheita no momento certo e cuidados constantes no canavial ajudam a reduzir a incidência da síndrome, embora ela ainda possa ocorrer em menor grau em outras áreas”, destacou Mariana.
O 2º Fitocana contou ainda com vitrine de produtos e tecnologias. Para mais informações sobre os trabalhos do Cepenfito, clique no link: https://cepenfito.org.br