Notícias

Roberto Rodrigues destaca: “Socicana ajudou a implementar maior revolução tecnológica da agricultura no século XX”

Estar à frente de seu tempo. Esta sempre foi uma das características da Socicana, que desde a fundação, em 1951, atuou na defesa do produtor e na busca da inovação. Para comemorar os 70 anos da Associação, vamos apresentar trechos históricos, nesta e nas próximas edições do Informativo Produtor.

Nosso convidado neste mês de abril é Roberto Rodrigues, que nos presenteou com uma conversa inspiradora. Nosso grande líder do agronegócio brasileiro, que foi ministro da Agricultura, foi também Gerente do Departamento Técnico da Socicana, o que nos enche ainda mais de orgulho. A seguir, ele revela os detalhes de uma “revolução”.

IAA implanta PCTS no Brasil

Do período em que era gerente do Departamento Técnico da Socicana, Rodrigues fala de uma conquista que mudaria a forma de produzir. “Um ponto essencial foi o trabalho com o qual a Socicana, a Coplana e membros do setor contribuíram: a implantação do Pagamento de Cana pelo Teor de Sacarose (PCTS), realizada pelo Instituto do Açúcar e Álcool, IAA. A Socicana saiu na frente, montando o Laboratório de Análise de Cana-de-Açúcar para a checagem das análises que as usinas faziam.  Este laboratório foi uma espécie de viveiro de líderes. O próprio Ismael Perina Junior começou sua vida profissional trabalhando, como agrônomo, neste laboratório, e hoje é um grande líder”, afirma.

Neste período da implantação do PCTS, a Socicana encontrou uma forma de estimular os cuidados com o canavial, reconhecendo a dedicação dos associados. “Nós estabelecemos um prêmio quinzenal para o primeiro, segundo e terceiro colocados, entre pequenos, médios e grandes produtores. Publicávamos os resultados, e as pessoas começaram a procurar a Assistência Técnica. Nessa época aconteceu, no meu ponto de vista, a maior revolução tecnológica da agricultura brasileira, no século XX. Houve mudanças de variedades, de adubação, tratos culturais, épocas de plantio e de safra, porque surgiu uma demanda crescente por qualidade da cana”, comemora Rodrigues.

E foi o produtor, motivado por esta espécie de competição estabelecida na Socicana, que mostrou sua disposição em mudar, assimilando, em todas as etapas da produção, os recursos técnicos oferecidos pela Associação e pela Cooperativa.

“Antigamente, quando o pagamento era feito por tonelada, era o volume de cana que valia, o que era um desperdício. Com a sacarose, passamos a produzir mais açúcar por hectare e não mais cana por hectare. Por meio da Socicana, Guariba deu um exemplo espetacular. A premiação que fizemos levou as pessoas a perceberem a diferença entre quem estava melhor em tecnologia e quem estava pior. Também criamos, na Cooperativa, um grande viveiro de mudas, com as variedades que estavam tendo mais sucesso, e isto, os produtores todos perceberam. Procuraram as novas variedades, trocando as antigas por mais produtivas em açúcar, e a renda cresceu. Também quanto aos fertilizantes, na Coplana, trocamos nitrogênio por mais fósforo, mais potássio, para favorecer a maturação das variedades novas. Criamos a demanda pelas precoces, médias e tardias, para que ao longo da safra inteira houvesse riqueza de açúcar”, lembrou Rodrigues.

Os avanços tecnológicos, que mudaram o padrão de produção na região, foram servindo de modelo para o Estado de São Paulo e para o Brasil, à medida que o PCTS era implantado em outras regiões do país, no início da década de 1980. E mesmo no Instituto do Açúcar e Álcool, IAA, Guariba e a região estavam representadas, por meio da força de profissionais e especialistas alinhados com os produtores. “No IAA, havia uma comissão para estudar este assunto, e o líder da comissão era o Sílvio Borsari. Também faziam parte o Manoel Ortolan, de Sertãozinho, e o Silvio Bortoleto, de Piracicaba. Este era o nosso trio. Da Escola de Piracicaba (Esalq/USP), trouxemos o Ênio Roque de Oliveira, que era meu professor e veio para o grupo. Foi uma revolução, que mudou completamente o setor.”

Algo que deve ser registrado nesta história de sucesso é que a revolução foi possível, em virtude do desejo e iniciativa da base. Foram os produtores e suas lideranças que se mantiveram alertas e dedicaram esforços para a mudança. “O PCTS foi instalado pelo Instituto do Açúcar e Álcool, na época que tinha uma força muito grande, mas foi com a iniciativa dos produtores. No mundo inteiro [a remuneração era por sacarose. Aqui, era por peso. Era um contrassenso. Todo mundo ganhou com este projeto. Realmente uma revolução”, concluiu Roberto Rodrigues.

Este é um exemplo genuíno do poder da organização da classe. Qual é a força de um grupo com objetivos comuns? Qual é a força de pessoas que se doam como líderes? Qual é a força de pessoas que não medem esforços para produzir, dispostos ao risco e às incertezas, contrariando as estatísticas e o senso comum? Sem dúvida, uma força que “revoluciona”! E esta é a marca dos associados, da equipe e das lideranças da Socicana, cultivada desde sua fundação até os dias de hoje.

Cadastre-se e receba novidades

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site e para entender o comportamento de navegação.
Se você continuar a usar este site, entendemos que você está de acordo. Em caso de dúvidas, leia nossa Política de Privacidade e LGPD.