Na tarde de quarta-feira (21/10), produtores da região participaram da sétima edição do Giro Socicana. O tema foi “Gestão financeira e custos de produção”, com o professor João Rosa, da Esalq/USP – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, que apresentou uma pesquisa sobre os custos da cultura da cana, realizada em nove estados. A coleta de informações foi feita em 26 pontos mais Guariba, com a cobertura de cerca de quatro milhões de hectares. Foi possível comparar os resultados da região de Guariba com os de outras regiões no interior de São Paulo, além de Goiás, Mina Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
O pesquisador alertou para a ausência do controle de custos na maioria das propriedades, o que está levando muitos produtores a colocarem em risco o patrimônio da família. “Às vezes, ele continua na atividade porque não tem controle de custos. Se não tem controle de custos, não sabe o quanto está sobrando. A cana está consumindo o patrimônio de outras culturas ou o patrimônio pessoal dele. O produtor, que é exclusivamente de cana, provavelmente, tem que buscar outras alternativas”, conclui João Rosa.
A afirmação tem embasamento nas informações fornecidas pelos próprios produtores. Mesmo que cada um tenha uma realidade e um custo diferentes, pela adoção de práticas e insumos variados, os resultados são parecidos ou bastante coerentes nas regiões.
Para controlar o seu custo de produção, o produtor deve conhecer os vários itens que compõem, por exemplo, as etapas do preparo do solo, do plantio, dos tratos da cana planta, da colheita e da administração do negócio. Desde dose de insumos, valor da hora máquina, combustíveis, despesas burocráticas, salários, encargos e até, claro, o pró-labore. Pelos relatos dos produtores, este controle, ou não existe, ou precisa melhorar.
A base, que serviu de referência para a pesquisa na região de Guariba, foi a de um produtor com 70 hectares de área e 85 t/ha de produtividade em sete cortes.
Após a coleta e inserção de todos os dados na planilha, a formação do canavial apresentou um custo de R$ 6.894,00 por hectare. Com esta informação, o custo operacional total é de R$ 75,00/tonelada. E se considerarmos um ATR de 132 kg/t, o produtor teria uma margem líquida (receita menos custo operacional) negativa de R$ 13,00 por tonelada.
Se o exemplo citado apresentou prejuízo, torna-se uma necessidade urgente controlar os custos. Quem já colocou tudo na ponta do lápis, e na planilha, tem condição de saber se compensa adubar mais ou reduzir a adubação. Comparando com a realidade de outras regiões do Estado e do Brasil, o produtor pode saber em qual aspecto deve mudar para melhorar o resultado.
A planilha que foi desenvolvida pelo Pecege, programa de educação da Esalq, traz a possiblidade de o produtor inserir seus próprios dados ou alterar números específicos, como o valor do ATR. Cada alteração leva a um resultado diferente.
Como orientação para quem quer permanecer na atividade, o professor João Rosa é categórico. “Controle seus custos de produção e caso você veja que seu panorama não permite a redução de custos, trabalhe em cooperação com outros produtores pequenos, na forma de consórcios e condomínios. Se existir a possibilidade de diversificação, a união faz a força. Depende de um planejamento conjunto dos produtores.”
O produtor poderá acessar a planilha de custos e os detalhes, sobre o que foi considerado em cada etapa, no site da Socicana www.socicana.com.br a partir da próxima semana. Nas próximas edições, traremos mais informações sobre o assunto.