Como melhorar a qualidade e reduzir custos estão na ordem do dia do produtor, a Socicana promoveu, no dia 19 de fevereiro, em Guariba, um workshop sobre o CTT – Corte, Transbordo e Transporte – feito pelo próprio produtor. A ideia ainda não é comum, visto que o serviço é prestado, em grande parte, pelas unidades industriais.
Ricardo Soares de Arruda Pinto, agrônomo, mestre em gestão de frota de usinas e sócio diretor da RPA Consultoria, explicou que o CTT é o maior componente do custo de produção da cana, impactando, em média, em mais de 32% do total, seguido da terra (23,8%), tratos de soca (21,9%), formação do canavial (13,3%) e administração do negócio (8,8%). Entre os fornecedores, este custo varia muito, pois depende do sistema utilizado e da região onde está a cana.
“Normalmente, os fornecedores são descontados do valor do CTT quando a usina faz este serviço. Pelos números que obtive da região de Guariba, as usinas descontam de R$ 27 a R$ 28 por tonelada de uma cana que esteja a 25 quilômetros de distância da usina. Se o produtor ou fornecedor de cana conseguir fazer o CTT, ele próprio ou em condomínio [com outros produtores], uma economia destes valores, matematicamente dizendo, é um grande ganho para ele”, explicou Ricardo Pinto.
É válido ressaltar que o módulo mínimo para viabilizar uma colhedora é de 90 mil toneladas, caso contrário, o investimento não se torna interessante. Para conseguir escala, a formação de um condomínio entre os produtores é uma saída na visão do consultor.
O palestrante também deu dicas para melhorar a colheita de um bloco de talhões
- Diminuição do número de terraços, quando possível;
- Alteração no sentido da sulcação;
- Planejamento dos pontos de transbordo;
- Mais carreadores que facilitem o escoamento da cana.
“É preciso ter cuidado com as velocidades de trabalho das colhedoras. Atenção também às manobras das colhedoras e de veículos de transbordo, que podem demorar mais que o normal, influenciando negativamente no desempenho da colheita. A condução correta da colhedora evita danos no equipamento e mantém a qualidade da matéria-prima (para não haver descontos da usina)”, comentou o engenheiro agrônomo.
Alternativa viável
O presidente da Socicana, Bruno Rangel Geraldo Martins, lembrou que a realização do CTT pelo produtor pode ser a alternativa para uma redução nos custos. “Temos alguns produtores na nossa região que já fazem este serviço [CTT] há algum tempo, possuem uma experiência bastante grande neste segmento, e entendemos que isso possa ser uma das ferramentas para conseguirmos ganhar e ter um fôlego a mais com a cana, visto que o cenário pelo qual estamos passando não está muito fácil”.
O superintendente da Associação, José Guilherme Nogueira, explicou sobre o trabalho de segmentação desenvolvido pela Socicana. “Hoje, temos produtores que possuem diferentes tecnologias, tamanhos, manejos dentro do processo produtivo de cana. Cada perfil de produtor tem uma demanda específica – em produtos, serviços e orientações. O tema de hoje trabalha com esta questão da segmentação, mas que também atinge a todos os níveis de produtores, grande, médio e pequeno.”