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Benefícios da agricultura conservacionista para cana-de-açúcar

Na literatura existem diversos resultados sobre comparação de sistemas de preparo de solo para a cultura da cana-de-açúcar, porém ou foram realizados no contexto da cana queimada e/ou, invariavelmente, não consideraram a interação entre sistema de manejo e cultura de sucessão. Por esta razão, o IAC/APTA mantém experimento de longa duração em Ribeirão Preto, o qual foi instalado em 1998 e visa estudar o plantio direto de cana em diferentes doses de calcário e sucessão com a cultura da soja.

Nestes 17 anos de resultados, pode-se concluir que o plantio direto de cana, após soja semeada direto sobre palhiço de cana crua, reduz em 9% as falhas no estabelecimento inicial do canavial, aumenta o perfilhamento e aumenta em média 10 TCH a produtividade de colmos, além de aumentar em 1,0 t ha-1 ano-1 o estoque de carbono no solo na camada de 0-80 cm de profundidade (Segnini et al, 2013).

Na variedade em cultivo atualmente, observou-se menor queda na produtividade ao longo dos cortes. Pesquisas em parceria com a usina Guaíra permitiram comparar as interações entre sistemas de manejo de solo (convencional, preparo reduzido e plantio direto) com diferentes opções de culturas utilizadas na rotação/sucessão (amendoim-rasteiro, soja, girassol, Crotalariajuncea, mucuna-verde e pousio). Os resultados demonstram que mesmo no contexto do plantio mecanizado, verificam-se benefícios da adoção do plantio direto tanto para cultura de sucessão, quanto para a cana-de-açúcar.

Produtividade de colmos da cana IACSP-95-5000, em três cortes, nos sistemas de manejo convencional e plantio direto, considerando a média das doses de calcário (Ribeirão Preto, 2013). Fonte: Bolonhezi e Gonçalves (2015).

Produtividade de colmos da variedade SP81-3250 no primeiro corte (2009) em diferentes sistemas de manejo de solo e opções de rotação. Latossolo Vermelho amarelo (Usina Guaíra). Fonte: Bolonhezi e Gonçalves (2015).

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Considerações Finais

A associação de sistemas conservacionistas de manejo do solo com a manutenção do palhiço da cana crua, desde que cultivado uma leguminosa na reforma, permite redução significativa nos custos de produção das culturas comerciais usadas na rotação (entre 13 e 28%), confere amortização de até 40% nos custos de implantação, reduz frota de tratores e implementos nas usinas, aumenta em média 10 TCH a produtividade de colmos. Além disso, reduz em 10 vezes a erosão hídrica, aumenta expressivamente o teor de carbono no solo e reduz a susceptibilidade aos períodos com deficiência hídrica.  Aumentar as parcerias entre produtores de grãos com as usinas certamente implicará em melhoria na economia dos municípios e favorecerá a imagem do setor sucroenergético.

Políticas públicas são necessárias para favorecer a aquisição de máquinas e equipamentos que permitam a adoção do plantio direto em reforma de canaviais, bem como para incrementar os mecanismos de divulgação e treinamento dos conhecimentos já alicerçados. A proposta do ROTACANA está disponível para parcerias com as usinas, cooperativas e associações de fornecedores, no intuito de favorecer o nivelamento de informações e de validar os resultados para os mais diferentes ambientes de produção. Plantio direto é solução se tiver Rotação!

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ROTACANA – Considerando que anualmente estão disponíveis mais de 1,0 milhão de hectares para reforma, foi elaborada a proposta do projeto ROTACANA – Tecnologias Sustentáveis na Reforma de Canaviais, que conta com o apoio do CNPQ (Processo n.o 311688/2012-8). Esta proposta tem com objetivos gerar, adaptar e transferir resultados de pesquisa e validações comerciais sobre os princípios da agricultura conservacionista aplicados na reforma de cana crua, bem como fornecer subsídios para tomada de decisão sobre qual cultura e manejo de solo é mais adequado, conforme os ambientes de produção.

Trecho do artigo: ROTACANA Tecnologias Sustentáveis para Reforma de Canaviais, autoria do Prof. Dr. Denizart Bolonhezi, pesquisador científico da Apta – Ribeirão Preto. Contato: denizart@apta.sp.gov.br ou dbolonhezi@gmail.com

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