A Antracnose, ou Colletrotrichum, ou ainda podridão vermelha é uma doença causada pelo fungo Colletrotrichum falcatum e vem preocupando produtores em todo o país, devido à ausência de mecanismos de controle. O Prof. Dr. Modesto Barreto, que ministrou a palestra sobre o tema, explica que todas as doenças em plantas têm uma combinação do patógeno, ou seja, presença do microorganismo, uma planta suscetível e um ambienta favorável.
Sua expansão se deve a variações climáticas e mudanças tecnológicas, como a mecanização. O verão úmido apresenta condições ideias para sua ocorrência, como: umidade relativa acima de 80%, temperatura entre 25º C e 30º C, além de tempo encoberto por alguns dias.
Os prejuízos se apresentam-se como redução na produtividade (TCH), falhas na brotação da soqueira e falhas na cana quando usada como muda. Além disso, há redução no ATR, que chega a cair pela metade, segundo Barreto.
O que o produtor deve fazer?
“Tem de fazer um controle rigorosíssimo em pragas, porque a Antracnose está penetrando direto na cana. E nos ferimentos causados por pragas, principalmente broca, entra muito mais facilmente.” O manejo de pragas é a principal medida preventiva, porque a planta fica mais fragilizada quando não está saudável, o que favorece o ataque do fungo.
Quando à variedade, ainda não há pesquisas sobre resistência. “A variedade é importante, mas não temos estudos científicos ou comparações para afirmar quais seriam as variedades mais resistente. Todo o trabalho do produtor deve ocorrer no campo. É preciso observar aquelas mais suscetíveis para substituí-las”, afirma o professor.
Depois que o canavial é acometido pela doença, há pouco o que fazer. “Sobre controle químico, o que existe é referência de trabalhos no exterior, mas sem nenhum teste feito no Brasil e sem registros. Sobre controle biológico, há somente expectativas para testes e nada confirmado. Portanto, o manejo das pragas é o mais importante”, reforça o pesquisador.
Modesto Barreto também destaca que só não viu a doença no canavial, quem ainda não procurou. “Já existe na região com certeza, só não foi observada. Eu vi em Colina – SP. E depois que os produtores [presentes na palestra] viram as fotos, disseram que já observaram a doença nos canaviais da região.”
Sobre o potencial destrutivo, o professor é categórico. “A doença vai aumentar. Em toda a região Centro-Sul já existe e é muito agressiva. Estou muito preocupado, porque não há alternativa de controle. É uma doença traiçoeira, porque você vai perceber quando o prejuízo já aconteceu.”

O prof. Modesto Barreto é engenheiro agrônomo pela Unesp, mestre e doutor pela USP. O prof. Gilberto Shinyashiki é mestre e doutor em Administração pela FEA – USP de São Paulo.