Fabio Matuoka Mizumoto
Quando ouço “Deixa a vida me levar”, percebo que o Zeca Pagodinho canta a alegria e a leveza de uma vida sem planos, de alguém que já passou por poucas e boas. Mas quem chegou a este ponto já fez muito para atingir suas expectativas e metas. Será que ter planos ajuda? Preciso fazer um planejamento para a minha família assim como faço para os meus negócios? Apresento a importância de se ter uma agenda de trabalho da família e deixo algumas dicas sobre o que considerar.
- Faça reuniões de família. Lembro-me de um cliente com receio de reunir a família para falar de negócios. Ele dizia: “é melhor deixar quieto, porque quanto menos a família souber, menos dor de cabeça”. Depois de convencê-lo a fazer reuniões estruturadas com pauta, objetivos, preparo prévio, métodos de engajamento, entre outros, este mesmo cliente mudou de ideia: “como é bom compartilhar algum nível de informação. Isto ajuda a administrar as angústias de quem está de fora, e permite que quem está dentro mostre a responsabilidade de se trabalhar em família!”. A dica é fazer ao menos uma reunião ao ano. Se fizer duas ou três, é ainda melhor. Lembre-se de ter uma pauta de assuntos e pré-determinar quanto tempo será dedicado a cada tema.
- Sobre o plano de desenvolvimento pessoal, este é um estímulo para que todos busquem mais competências, habilidades e conhecimentos. Sabia que as famílias podem estimular trocas entre os seus membros? Já organizei encontros em que a filha/sobrinha explicou os diferentes regimes de casamento e seus impactos na sucessão patrimonial para todos de sua família. Em outro caso, um grupo de herdeiros compartilhou as atualidades do setor de atuação da empresa da família, que eles aprenderam quando foram a uma feira de negócios na França. As empresas adotam ferramentas como o PDI – Plano de Desenvolvimento Individual, atreladas a programas de coaching ou mentoring. As famílias podem se beneficiar de metas de desenvolvimento pessoal. A dica é estimular algumas habilidades tais como empatia, liderança, negociação e persuasão. Você verá que é muito do que se precisa para se trabalhar em família!
- Disciplina e organização. Já dizia um amigo meu: “As coisas de família e a ginástica têm algo em comum: têm que ter regularidade e não adianta querer fazer tudo de uma vez”. Apesar de óbvio, é grande a tentação em adiar aquela reunião que foi marcada com meses de antecedência. Mas pense na agenda de trabalho como um processo de construção, tijolo a tijolo, em que o cimento que os une tem o tempo certo para ser preparado e colocado. É isto que faz a “liga” nas relações familiares para fazer valer o protocolo familiar, o acordo de sócios ou algum outro instrumento jurídico. A dica é eleger algumas pessoas da família como responsáveis por liderar o processo. Se for o caso, estabeleça um Conselho de Família.
Aproveite o começo do ano para montar a sua agenda de trabalho da família. Você vai perceber que, mais do que uma responsabilidade, são atividades prazerosas e produtivas.
O auto: Fabio Matuoka Mizumoto é Sócio da Markestrat.