Produção poderá crescer sem aumentar a área de cana
Produtividade estimada ultrapassa 100 toneladas por hectare em cinco cortes
Produtor passa a produzir a própria muda, ganha autonomia e longevidade do canavial
O 1º Dia de Campo +Cana apresentou, na quinta-feira (12/11), em Luiz Antônio – SP, uma força tarefa inédita que pretende mudar, de forma sólida, o plantio de cana-de-açúcar no interior de São Paulo e no país. A Socicana – Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba, a Coplana – Cooperativa Agroindustrial, e o IAC – Instituo Agronômico, se uniram para garantir, ao produtor, a adoção do sistema de Mudas Pré-Brotadas.
A tecnologia desenvolvida pelo IAC pode ser implantada até mesmo em pequenas propriedades, e o agricultor terá autonomia para produzir sua própria muda de cana com qualidade e sanidade, atividade da qual abriu mão há algumas décadas.
Por ser o IAC um órgão do Estado e pelo compromisso social da Cooperativa e da Associação, as informações sobre os métodos e resultados estão sendo livremente divulgadas para que a experiência favoreça produtores de todo o país. Portanto, é da região de Ribeirão Preto que nasce, a partir desta ação conjunta, uma lavoura de cana-de-açúcar dentro do real conceito de sustentabilidade: será possível produzir mais sem o aumento de área.
Esta já está sendo considerada a grande mudança de paradigma do setor, visto que o modelo de plantio convencional segue o mesmo conceito há mais de cinco séculos. Neste sistema, são utilizadas entre 18 e 20 toneladas de cana em cada hectare. No caso das MPBs, são necessárias 2 toneladas por hectare, ou seja, as 16 ou 18 toneladas restantes se transformam em matéria-prima na usina.
A partir das MPBs, os viveiros primários ou matrizeiros, que são mudas livres de pragas e doenças, são estabelecidos na propriedade do agricultor e dão origem a mudas sadias. Em termos de logística (transporte das mudas até o campo) e aproveitamento do material produzido, a diferença é significativa.
Outra grande contribuição da tecnologia é a redução do tempo para o agricultor adotar as novas variedades, o que demoraria anos no sistema convencional. Com as MPBs, ele recebe material genético de variedades adaptadas à região, de acordo com o seu ambiente de produção. Já no plantio convencional, ele fica restrito às variedades disponíveis na usina, com mudas, inclusive, que apresentam idade de corte avançada.
Atualmente, com a produtividade do canavial em torno de 70 toneladas por hectare (média de acordo com a safra e região), a receita não cobre custos. Desta forma, muitos produtores se viram obrigados a sair da atividade e outros continuam perdendo patrimônio. A partir do sistema de MPBs, a estimativa é chegar à “cana de 3 dígitos”, acima de 100 toneladas por hectare, em cinco cortes.